Explicações neurofisiológicas para a ocorrência de alucinações e ilusões, sensação de que está sendo controlado por forças externas (delírio de controle) e experiências fora do corpo.
Alucinações e ilusões.
Síndrome de Capgras. A pessoa com essa síndrome acredita, falsamente, que um parente próximo, ou um amigo, foi substituído por um sósia.
A informação no cérebro é processada por vias paralelas. Cada sistema é otimizado para uma função. Por exemplo, existem as vias "do quê" que nos indica o que determinado objeto é, e a via "do onde", que nos faz determinar onde um certo objeto se encontra no espaço. Outro exemplo: existe uma via que valoriza rápida e inconscientemente um objeto para decidir se ele deverá ser abordado ou evitado. Essa via nos permite responder, sem a ajuda da consciência, se o objeto pode causar medo, por exemplo, e que devemos então nos afastar dele. A sede dessa função é a amígdala cerebral. Identificações explícitas dos objetos são obtidas de forma mais lenta ("a via do quê?") no lobo temporal anterior, onde a potenciação em longo prazo (LTF) desempenha papel importante. Se ocorrer lesão independente dessas duas vias pode-se desconhecer um objeto, e afastar-se dele, mesmo antes de se tomar consciência da sua existência. O termo prosapognosia descreve a incapacidade de identificar faces conhecidas e, comumente, se deve a uma lesão cerebral específica no lobo temporal do hemisfério cerebral dominante.
Delírio de controle.
No cérebro, existem representações distintas das possíveis conseqüências dos nossos movimentos e das reais conseqüências dos nossos movimentos. A primeira é baseada na previsão de um ato motor (lobo frontal), a segunda no feedback sensorial (lobo parietal). Quando fazemos um movimento, ele causa modificações características nas sensações táteis, sem que tenhamos consciência disso. Se a diferença temporal entre a previsão do movimento e a conseqüência do movimento for grande, por exemplo: devido a hiperatividade do lobo parietal nas epilepsias ou do cerebelo, o nosso sistema motor entra em alerta e têm-se a impressão de que há um controle externo que governa os movimentos.
Múltiplas representações do corpo.
No cérebro, existem múltiplas representações do corpo em termos de coordenadas temporal e espacial. Exemplos: meu dedo, minha mão, ou meu membro superior em relação ao resto do corpo; ou em relação ao objeto que mantenho nesse momento na minha mão; ou a posição do meu membro superior em relação à sala aonde estou. Nós, normalmente, não estamos alerta para todas essas relações. Ao contrário, sentimos que o nosso corpo age totalmente integrado. Lesões no sistema motor podem levar a um alerta anormal das representações integradas. Isso pode ocorrer também em alguns estados mentais limítrofes (ao acordar ou ao adormecer) e mesmo em pessoas normais, que podem ter então a sensação de experiência fora do corpo.
Referências.
Barton JJ. - Disorders of face perception and recognition. Neurol Clin. 2003;21:521-48.
Blakemore SJ.- Deluding the motor system. Conscious Cogn. 2003 Dec;12:647-55
Blanke O, Landis T, Spinelli L, Seeck M.- Out-of-body experience and autoscopy of neurological origin.Brain. 2004; 127:243-58.
de Vignemont F, Fourneret P. - The sense of agency:a philosophical and empirical review of the "Who" system. Conscious Cogn. 2004; 13:1-19
Guariglia C, Piccardi L, Puglisi Allegra MC, Traballesi M. - Is autotopoagnosia real? EC says yes. A case study. Neuropsychologia. 2002;40:1744-9.
Tong F.- Out-of-body experiences: from Penfield to present. Trends Cogn Sci. 2003;7:104-106.
Mostrando postagens com marcador metafísica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador metafísica. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 25 de março de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)